Outro dia realizei um sonho de piá. Comprei uma moto, daquelas que os rockerão dos filmes e o Exterminador do Futuro tinham. Não, não é uma Harley, mas tem o estilo custom e foi suficiente pra dar aquele gelo no coração no dia em que a adotei.
Este fatídico dia vai ficar pra sempre na memória. Morando em São Paulo, na capital, pulei da cama antes do sol nascer e fui pra rodoviária. Ia buscá-la em Campinas, o que implica em uns 100Km de autoestrada. Estava indo de busão, mas sabia que voltaria pilotando — tava ansioso? Ah, magina, té parece.
Chegando lá, teve todo um processo pra transferir dinheiro e documentos. Nunca tinha adquirido nada “grande” na vida, logo eu estava super tranquilo e confortável com a situação ༼ʘ̚ل͜ʘ̚༽. De muita ajuda foi o fato de que o então dono foi bem gente fina, e no fim das contas os processos chatos resolveram-se lindamente. Fomos então à casa do então dono para concretizar a transferência — eu iria finalmente por as mãos no tão sonhado brinquedo. Faço questão de notar que o momento a ser descrito a seguir é carregado de inenarráveis emoções — foi remarcável, como diria meu amigo @goodlucas.
Eu caminhava entre duas paredes, que era por onde iam e vinham os veículos da garagem. O meu próprio destino era a garagem, que ficava no térreo. A parede da direita acabou antes, e então pude vislumbrar, lá no canto direito, no sentido em que eu caminhava, na última vaga, a minha Honda Shadow 600. 200Kg de beleza, potência e classe.
Mas agora é que a verdadeira emoção começava. Fui guiado até a autoestrada pelo ex-dono, e de lá era eu, a Shadow e uma missão: chegar em sampa, sem gps. O coração bate só de lembrar, os primeiros 10Km foram incríveis, conhecendo a moto, sentindo o vento e descobrindo a potência daquele acelerador. Então parei pra completar o tanque, comer algo e (achei que conseguiria) acalmar o coração.
Feliz era pouco. Encarnei a definição literal de “piá faceiro”. Daí pra frente toquei até São Paulo e cheguei no trabalho direto, mais fácil do que imaginava. Ah, e como era pouco mais de meio dia e eu vestia uma camiseta manga curta, um “braço de caminhoneiro” veio de brinde.
E ah, como o título já sugere, umas semanas depois achei um bom nome pra ela: Trovoada. Na próxima crônica conto porque esse nome acabou fazendo muito sentido.